And I just wish that I could be dumb and then I wouldn’t know better and I could be happy and stop hoping.
Essa frase é muito eu, eu queria muito conseguir ser alienada e feliz – porque é mais confortável ser conformista, só que, a não ser que você seja uma pessoa muito idiota, depois de determinadas coisas que você sabe, seja através dos livros que leu, dos filmes que viu, da droga da consciência que te chegou de alguma forma, você não consegue mais ser tão alienado e feliz. Bem, se você for idiota, o máximo que vai conseguir é ser idiota com referencias bibliográficas e etc. Mas partamos da premissa de que você não é um idiota e sabe que a vida não faz sentido e nos encontraremos no mesmo lugar, como dois fantasmas que se esbarram na mente de alguém numa noite de chuva.
Um dia desses, eu vi um leão comer um coelhinho. E eu me senti tão triste. Não porque o coelhinho era bonitinho ou porque ouvir os ossos dele quebrando era grotesco, eu me senti triste por isso também, mas o motivo, de verdade, era que eu sabia que não existia outro jeito. E que se não fosse aquele coelhinho seria outro qualquer, e se não fosse a civilização eu poderia ser o coelho de alguém, mas que, no fim, com a civilização, todo mundo é coelho de alguém. A única diferença é que o leão come a carne do coelho, enquanto o mundo come as nossas almas. O mundo vai engolindo horas da nossa vida, trabalho, estudos, planos, coisas, pessoas, etc e blá, lá se vai mais um mês, um semestre, um ano. E de repente, não menos que de repente, você foi comido por dentro, você parece normal, bonito, saudável por fora, mas tá vazio por dentro. Quem nunca?
A verdade é que não importa que escolha você tenha feito, aos 20 anos você sempre pensa que não tá vivendo tudo o que podia (ou deveria?). Mas, foda-se, agora – nesse período inédito na história, pelo menos, na contada nos livros e filmes e pelos nossos pais e avós – é a primeira Era em que tudo é permitido. Você pode casar várias vezes, namorar mais de muitas vezes (é até anormal se você não o faz), fazer duas faculdades ou não fazer faculdade alguma, ser artista por seis meses e voltar pra casa, manter contato com as pessoas que você conheceu há trinta anos (ou pelo menos saber todos os detalhes da vida dela), ter uma experiência homossexual ou várias, gostar de Beatles ou odiar porque cada um faz o que quer. Não se podia fazer isso antes, você tinha que seguir padrões rígidos, se você era mãe aos 16 e não casava, a vida teria acabado. É o que acontece com a Beverly (sim, eu vou falar do filme after all). Mas a vida dela não acabou, saca? Ela não acabou a escola frase do começo:
Eu só queria poder ser estúpida e não saber demais e então eu poderia ser feliz e não ter esperança...
Sei lá, como eu dizia, hoje, dificilmente, a situação se repetiria. Enfim, é um bom filme, apesar de originalidade não ser sua maior credencial. Beverly queria ser escritora também e, no fim, ela escreve a história da sua vida – o filme é baseado numa história real – , mas isso depois de criar o filho e de ser sabotada milhares de vezes pelo pai, pelo marido, pelo filho e pela vida. Ah, só uma desculpa pra postagem. Eu precisava compartilha o silencio que me rodeava, enchendo ele de palavras pra ele chegar até alguém. E parar de ecoar dentro de mim.
Uma frase muito linda do filme:
I think sometimes we love people so much that we have to be numb to it… because if we really actually felt how much we love them it would kill us.
P.S: Filmes com a Brittany Murphy me deixando broken-hearted desde 2009. Pois é.